Palavras Alienadas
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Conto Sem Título #5
Hoje eu voltei do trabalho
com cinqüenta reais a mais na carteira. Depois de ininterruptos cinco meses
pedindo um aumento, eu finalmente consegui – se é que isso pode ser chamado de
aumento. O caso é que vou começar a guardar as sobras do meu salário. Mesmo que
não seja uma quantia muito grande, daqui a algum tempo, se eu precisar de uma
reserva, eu terei. Amanhã mesmo vou correndo até o banco que fica próximo ao
bar em que trabalho e criarei uma conta pra mim. Já tenho alguns trocados que
venho colocando embaixo do colchão, mas considerando o local onde moro, isto
não é muito seguro. Se você visse o lugar, entenderia o por que.
Por pouco não perco todas
as minhas anotações. Essa passou muito perto. Enquanto deixei as folhas sobre a
mesa, fui até a cozinha ver se tinha algo para beber, além de café. Não tinha.
O pó negro e perfumado era suficiente apenas para encher só mais uma xícara.
Fiz o que seria meu jantar e voltei para a sala, por incrível que pareça,
estava com vontade de escrever mais. A janela que estava aberta permitia que as
rajadas de vento entrassem sorrateiramente. Se eu tivesse chegado alguns minutos
depois, as folhas teriam saído janela afora. Mas fui mais rápido. Em um
movimento de reflexo, segurei os papéis antes que fugissem de mim. A xícara,
por sua vez, foi ao chão. Para um lado, cacos de cerâmica barata; para outro,
respingos do líquido escuro. Droga. Meu último café e minha última xícara.
Sentei na cadeira, irritado. Lembrei que a culpa disso era apenas minha. Tanto
pelo fato de ter só mais uma xícara, visto que quebrei todas em um acesso de
loucura no mês passado, e do café... Que eu sempre deixo acabar para comprar
mais. Saco! Terei que ir ao vizinho ver se ele tem alguma coisa para me
emprestar, visto que os mercadinhos da rua já estão fechados há horas.
Toc, toc. Bato timidamente
na porta. Apesar de ouvir barulhos vindos lá de dentro, já passa das 2 da
manhã. É sábado, eu sei, mas mesmo assim. Eu nunca dei as caras por aqui, nem
sei quem mora, mas somos vizinhos e espero que o espírito de fraternidade tome
conta daquele coração. As piores opções que tenho é que pode ser desde um
maníaco sexual que tem tara por magricelas como eu, até uma velha assanhada.
Mas já estou na merda mesmo, pior não pode ficar. Universo, isso foi uma
constatação, não um desafio. É isso ou ter que caminhar, nesse frio, até a
porra do centro pra comprar alguma coisa em uma conveniência. Optei por me
arriscar no quentinho da minha zona de conforto. Continuei batendo na porta,
dessa vez com mais força.
Passados dez minutos, o
barulho de chave virando, me fez alertar os olhos. Dei um passo para trás.
- Oi? – Uma criatura loira
apareceu na porta entreaberta. Sua voz era especulativa. “Que diabos este cara
tá fazendo aqui? Aliás, quem é ele?” aposto que era isso que se passava na sua
cabeça.
- Oi. Boa noite. –
Tentativa falha de sorriso. – Tudo bom?
- Você é daquelas
“Testemunhas de Jeová” ou o que? Aposto que não veio até aqui, há essa hora,
pra me perguntar se estou bem ou jogar conversa fora.
- Você tem razão. Eu moro
no apartamento ao lado. E acabei de deixar cair uma xícara com café, que por
acaso era meu último café e minha ultima xícara. Era o meu jantar.
- Aí você resolveu bater
na minha porta às... – Parou, virou para trás e mirou as horas no relógio
grande de parede. Um modelo antigo. Bonito, por sinal. Enquanto ela tentava ver
em quais números os ponteiros pousavam, eu parei para repará-la. Seus cabelos
dourados e compridos iam até a cintura. Lisos. Extremamente lisos. Alguns
centímetros abaixo de mim. Corpo bonito e proporcional, combinando com seu
rosto. – duas e pouco. – Pelo visto não conseguira enxergar os minutos. –
Enfim, tarde da noite, pra me pedir café? Ou uma xícara? Não consegui entender.
- Duas e quinze. – Falei.
– E sim, basicamente foi isso. – Se defeito ou qualidade não sei, mas a
sinceridade sempre foi meu forte. Não gosto de enrolar muito. Mas às vezes é
necessário... Enfim.
- E o que você estava
pensando? Que eu daria algo meu, xícara ou café, assim pra um desconhecido?
- Bom, na verdade não sei
o que eu estava pensando. Desculpe incomodar. – Virei as costas, pronto para
voltar ao meu apartamento.
- Espere. – Ela disse
quando eu abri a porta que não ficava muito longe da dela. – Acho que posso lhe
fazer esse favor.
Voltei imediatamente para
a porta em que ela estava. Convidou-me a entrar com a mão esquerda, pequena e
branca, assim como o seu rosto. Entrei.
- Obrigado. Mesmo. Se você
não tivesse algo pra me emprestar acho que teria que ir até o centro, afinal,
as lojas aqui já fecharam.
- Você não precisa me dar
explicações. – Falou enquanto pegava uma xícara no armário e colocava sobre a
mesa da cozinha. Eu me apoiei em uma cadeira, observando seus movimentos. Tirou
de outro armário uma chaleira, colocando água dentro dela e acendendo o fogo,
com ela em cima.
- Pode deixar que eu mesmo
faço. Em casa.
- Tô precisando de
companhia mesmo. – Deu de ombros e soltou o primeiro sorriso da madrugada. Eu não disse
mais nada, apenas assistia enquanto suas mãos habilidosas preparavam o café.
- Parece que você gosta de
café também. – Eu disse enquanto ela pegava outra xícara, colocando as duas
sobre a mesa. Despejou o líquido quente dentro delas, empurrando uma até a
extremidade da mesa em que eu me encontrava.
- Senta. – Em tom de
ordem, que entendi como pedido, obedeci prontamente. – Eu gosto de café sim.
– E tirou uma forma de dentro do forno atrás de si. Colocou sobre a mesa. O
cheiro era delicioso. Um bolo... Será? Não me atrevi a perguntar. Apenas
beberiquei o café lentamente, afinal, estava quente.
- Do jeito que eu gosto. –
Comentei, sorrindo.
- Sirva-se. Falou após me
entregar uma faca e deixar a forma, agora sem tampa, mais perto de mim. Nega
maluca, eu não poderia recusar, por mais que minha educação dissesse que não
deveria pegar.
Tirei um pedaço pequeno.
Enfiei quase todo na boca enquanto ela não olhava. Delicioso. Minha vontade era
pegar mais, porém não queria abusar. Tapei os ouvidos para meu estomago que
roncava e passei a prestar atenção nas palavras dela.
- Eu moro sozinha.
Trabalho, estudo, mas nunca arrumo um tempo para me divertir. É foda. Aí como
tenho várias coisas da faculdade pra ler, estudar, não me faz tanta falta uma
conversa, mas mesmo assim. O café se tornou meu companheiro das madrugadas em
que passo lendo. Meus livros são meus amores. Você gosta de ler?
- Sim, eu gosto. – Eu e
minha mania de querer impressionar quem quer que seja e use saias.
- Tem algum escritor de
sua preferência? Eu gosto muito do Machado. As obras dele são fascinantes.
- Eu gosto desse também. –
Machado quem?
- Qual sua obra preferida?
- Aquela da mulher...
Sabe? E do menino. E o vilão.
- Qual? – Pensei que seria
pego na mentira. – Ah, deixa pra lá. Agora me fala sobre você. Mora aqui há
muito tempo?
- Sim. – Ufa! Não
agüentaria fingir por muito tempo. – Tempão. E você?
- É, faz tempo já. Um ano.
Um pouco mais, talvez. Engraçado a gente nunca ter se encontrando por ai.
- Verdade. Mas eu paro
pouco em casa. Quando não to no bar, vou pra casa de algum amigo, não gosto da
solidão.
- Hm... Nem eu. Mas
infelizmente não posso fazer nada. – Baixou os olhos, a face triste.
- Calma. Você tem suas
colegas da faculdade, não? Trabalha... Deve ter muita gente que gosta de você.
- Hoje em dia é difícil
achar alguém confiável. Desde que me mudei pra cá, já apanhei muito da vida.
Cresci muito. Tenho o coração muito mole, acredito em todo mundo e no fim eu me
ferro. Já era pra eu ter aprendido, mas não consigo. Sou muito ingênua em
alguns aspectos.
- Você tem razão. Hoje em
dia o que mais tem por ai são filhos da puta. Mas sempre tem alguém no meio
dessa merda toda que se destaca. Sempre tem alguém que a gente pode confiar.
Porque ficar sozinho não dá. Esse papo
de ser feliz sozinho não cola comigo.
- Acho que nosso papo tá
tomando rumos muito depressivos. Vamos mudar de assunto.
Passamos mais algum tempo
conversando. Os minutos voaram. Quando nos demos conta, estava quase de manhã.
Foram várias xícaras de café, vários pedaços de bolo e vários assuntos. Deu pra
esquecer a porcaria que era a minha vida. Mas uma a realidade tem que vir à
tona, né?
- Até qualquer hora... –
Ela se tocou de que não tínhamos nos apresentado. – Qual seu nome, aliás?
- Beto. – Ambos rimos. – E
o seu?
- Desiree.
- Que diabos de nome é
Desiree?
- Outra hora você volta,
aí eu conto a história. Prometo.
- Eu vou cobrar, hein. –
Ela sorria docemente.
- Pode cobrar.
Acenei como despedida e
girei os calcanhares. Tomei a direção da minha casa, enquanto ela fechava a
porta delicadamente. Como eu nunca a conheci antes? Um ótimo tipo para se ter
como amiga. Eu vou voltar, ela que me espere. Pode esperar mesmo.
Conto Sem Título #4
Nós – eu e Liz - nos
conhecemos no verão. Não foi na praia, ao contrário do que você deve estar
pensando – ou não. Eu lembro a estação, pois os olhos dela, azuis, me lembravam
o mar. Que me lembravam a praia, o verão. Assim, quando estava com ela, tinha a
sensação de mergulhar em um oceano de águas calmas. A sensação era boa demais.
Mas eu nunca me permiti qualquer envolvimento com as ondas dos seus olhares.
Sempre me mantive distante, mesmo perto. Perto demais, o que a fez se
envencilhar em mim como uma alga no pé de um banhista. A alga queria ficar ali,
agarrada a ele, enquanto era desprezada, jogada fora. Foi o que aconteceu.
Ela, a alga. Eu, o banhista. Tinha tudo pra acabar em nada. Acabou. Aí eu
percebi que eu era um desses banhistas loucos por ecologia. Que gosta de algas
agarradas em seu pé. Ou melhor, gosta de uma alga em especial. E, veja bem,
essa metáfora tira qualquer título de “homem” que fora conferido a mim. Vou
colocar em termos práticos, então. Nós nos encontrávamos quase todos os dias.
Como disse, eu sempre distante, mesmo perto. E ela com o coração cada vez mais
iludido. Ao fim das contas, quando vi que ela estava completa e perdidamente
apaixonada por mim, resolvi pedir um “tempo”. De fato, nunca tivemos nada, mas
eu precisava da distância para que ela parasse de pensar em mim. Eu precisava
me livrar dela, deixar que ela seguisse sua vida. Não sou tão egoísta assim,
afinal. Eu gostava dela. Eu queria estar com ela, mas não queria me amarrar a
ninguém. Ainda mais quando essa pessoa poderia ser facilmente magoada por mim,
idiota convicto, por estar com seu coração na minha mão. Eu pensei que seria melhor
para os dois. No primeiro mês, foi melhor pra mim do que para ela. No segundo,
as coisas se inverteram. E no dia daquele telefonema, eu esperava receber como
presente um beijo, um afago ou uma palavra amiga dela, mas recebi uma bela
estaca no peito. E não posso dizer que foi ela quem a cravou ali, pois fui eu
mesmo. Idiota e burro, eu sei que fui. Agora, além de idiota e burro,
arrependido. Uma pena o arrependimento não voltar no tempo para que consertemos
as coisas.
Conto Sem Título #3
Talvez sim, talvez não,
nunca saberei ao certo, mas suponho que o acontecido do capítulo anterior me
deixou com o coração em frangalhos e com o psicológico totalmente abalado.
Fiquei tão mal que perdi a fome, o sono e a vontade de viver. Parece drama
mexicano, eu sei, mas eu nunca tinha amado alguém de verdade e só me dei conta
de que Liz era a única garota que fazia meu coração disparar depois de vê-la
cansar de lutar por mim e desistir de vez. E ela é do tipo que quando desiste,
não tem volta, desiste mesmo. Uma pena eu ter sido tão idiota. Enfim... Este
sou eu desviando do foco novamente. Eu disse que aconteceria com freqüência.
Depois deste episódio onde
Liz, a protagonista do meu coração, me deixa de cama sem estar doente – era só
amor mesmo – eu entro em colapso e a única solução que minha família vê é me
jogar dentro da sala de um psicólogo.
Quando me sentei naquela
cadeira branca pela primeira vez – há uns dois anos – eu senti minha
perna formigar. Fazia muito tempo que eu não ia para algum lugar diferente da
rota diária casa-trabalho-casa e esse era meu organismo alertando que era
encrenca. Tentei ser o mais normal possível, embora o meu normal não seja
normal. Mostrei os dentes, tentando sorrir às vezes, mas eu parecia mais com um
cão faminto. Acho que isso assustou o doutor, visto que sua cadeira – a
princípio, perto de mim – foi tomando distância gradativamente. Fingi que não
notei nada de estranho, continuei com uma encenação boba, mas não consegui
levar muito a diante. Ao longo desse longo tempo em que venho me consultando
com Júlio, o psicólogo, notei que esta classe tem suas peculiaridades. Uma
delas, talvez a mais notável, é sua grandessíssima paixão por listas. Isto é,
já na primeira consulta fui inquirido sobre o que afligia meu interior, e
adivinhem só como eu deveria expor meus sentimentos? Isso mesmo: em uma lista.
Lá pela quinta sessão, quando a relação paciente-doutor já estava mais sólida por assim
dizer, tive que fazer outra lista, dessa vez sobre meus sonhos. Depois destas,
muitas outras vieram: nomes de pessoas importantes, medos, traumas, sonhos
realizados, essas coisas. Nenhuma, de fato, me ajudou. Mas como dizem: “o que
vale é a intenção”, certo? Mas não por 300 reais à hora...
Enfim, voltando ao
assunto... Este documento foi criado por ordem do Júlio. O tal das listas. Ele
disse que eu tinha que colocar meus pensamentos em uma folha. Pois aqui estão
alguns deles. Júlio disse, também, que eu deveria datar tudo o que escrevo,
guardar, e depois de algum tempo voltar a ler. Disse que é normal que eu
perceba uma mudança para melhor e que se isso não acontecer, eu devo me
preocupar. Preocupado estou com minhas finanças, mas isso não vem ao caso. Quer
dizer, vem sim, agora que já expliquei como fui parar num psicólogo e,
conseqüentemente, o que me “motivou” a escrever isso aqui, eu posso entrar de
vez no projeto e escrever sobre o que penso e sinto, essas coisas. Não garanto
a ninguém que sairão boas coisas daqui, mas vou tentar dar o meu melhor.
Afinal, eu quero melhorar. Mas se tem uma coisa que eu quero mais ainda, é Liz.
Conto Sem Título #2
Se não me falha a memória,
o calendário anunciava meu aniversário. Sim, agora parando para pensar, era
exatamente o dia em que mais um ano se somaria à minha idade. Grande coisa. A
manhã coberta por uma camada grossa de neblina anunciava um dia obscuro, não
podendo ser mais adequado o clima. Peguei o telefone, disquei uma conhecida –
para mim - seqüência de números. Nove. Nove. Cinco. Quatro. Sete. Zero. Sete.
Cinco. Quando a voz do outro lado da linha saudou, meu coração disparou.
- Alô?!
- Bom dia, quem fala?
- Beto! Você sabe quem
fala... – Sua voz carregava um ar de desaprovação. Embora o tom de brincadeira
fosse perceptível também.
- Sim, eu sei. Liguei pra
perguntar como cê tá. Já faz tanto tempo... – Fazia tempo pra caralho mesmo, ou
parecia fazer, pelo menos pra mim. Ah, sim, me desculpem o palavrão.
- Tô bem. – Falou com um
animo especial na voz. Aquilo me irritou, não nego. – E você?
- Ótimo. Tô ótimo. – Não,
eu não estava ótimo. Meus olhos estavam inchados por culpa das noites mal
dormidas. Estava trabalhando demais. O salário mal dava pra pagar as contas e
quase nem me sobravam mais uns putos pro cigarro. Parei de fumar na marra.
Deixei a cerveja de lado, pois o inverno chegara. Atualmente, café era meu
companheiro. Mais quente. E mais barato também.
- Hm, bom.
- Sim. Legal que você tá
bem.
- Legal mesmo.
E eu poderia ter desligado
o telefone. Afinal, era perceptível que ela não estava com vontade de falar
comigo. Assim, teria matado um pouco da saudade ouvindo a voz dela e teria
terminado por ali mesmo o meu tormento. Mas não. Parece que eu gosto de me
fazer sofrer, às vezes. Permanecemos mais alguns minutos calados, sem qualquer
esboço de interesse da garota em falar comigo. Impaciente, soltei sem nem
pensar no que dizia:
- Quero ver você, Liz. Tô
precisando... – Putz, que merda que eu falei?
O que mais me matou foi
ter que esperar uma resposta. No minuto seguinte, que mais parecia um milênio,
mil coisas se passaram na minha cabeça e o pensamento fixo foi: por que eu sou
tão babaca?
- Eu queria ver você
também... – Meu sorriso abriu de orelha a orelha. – Mas não posso. Tô
namorando. – O silencio tomou conta.
Murmurei qualquer coisa
sem sentido e desliguei o telefone. Ela não fez questão de explicar qualquer
coisa, nem sei por que eu esperaria que ela o fizesse. Em seu lugar, nem teria
atendido o meu telefonema, mas Liz sempre foi diferente de mim. Ela sempre fora
uma pessoa melhor que eu, em todos os aspectos.
Deitei na cama, os
pensamentos absortos. Fazia dois meses que eu não falava com Liz. Dois meses
sem vê-la ou sequer ouvir sua voz. Esperava que a saudade pudesse, sei lá,
tê-la mostrado que mesmo eu sento um babaca estúpido eu era um babaca estúpido
que sempre a amara de alguma forma, mas que nunca percebera o quão especial ela
era de fato. Um babaca estúpido que só se deu conta da menina maravilhosa que
tinha após perdê-la. É engraçado pensar que a perdi, sem nunca ter tido ela de
verdade. Isso tudo porque eu fui um babaca estúpido. Mas, de uma forma ou de
outra, é bem feito pra mim. Mas que tá doendo pra caralho, isso tá.
Conto Sem Título #1
Você vai me desculpar, mas
eu não sou muito bom em contar histórias - principalmente as minhas. Não que
sejam complexas ou longas demais, aviso logo que elas são demasiadamente
simples, eu apenas não tenho paciência. Isto é, enquanto estou aqui com esta velha
caneta azul que falha um pouco a cada frase, rabiscando em uma folha amarelada
que achei na primeira gaveta da escrivaninha sobre a qual meu punho direito se
arrasta à medida que escrevo, já estou pensando no que fazer depois.
Provavelmente vou preparar um café forte e com açúcar no ponto; talvez, quem
sabe, um banho quente. Ou então... Você viu? Eu já consegui perder totalmente a
linha de raciocínio. Nem sei por que comecei com isso de tentar escrever sobre
mim – ou sobre qualquer coisa. Quer dizer... Sei sim. Aliás, vou começar
contando os motivos que me trouxeram até aqui. Não reparem se eu fugir um pouco
do foco, isso acontecerá com freqüência, mas como tudo que tem importância
demora a chegar, passando pelo supérfluo primeiro, o mesmo acontece aqui. Tenha
paciência. Eu prometo que vou tentar ter também.
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